quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eles comem tudo e não deixam nada...

Sacrifícios é o tema de todo o discurso político. Que bombardeiro!!!
Sacrifícios e mais sacrifícios! Impostos e mais impostos! Conversas e discursos da treta, só para nos convencerem de que o Zé Povinho, é que tem de pagar a crise! Ora esta!!!
Mas fazem de nós parvos, ou quê?
Acham acaso, que somos cegos de visão? Ou talvez obtusos, sem uma réstia de inteligência? Só pode ser isso!
Caso contrário não seriam tão descarados, eles, aqueles de quem estou a falar: os que nos estão a obrigar a pagar a crise, enquanto eles, os grandes senhores, safados e sem vergonha, não abdicam dos seus altos privilégios, subsídios chorudos e mais o que não queremos saber, porque só o que sabemos já basta.

Então, aumentam os impostos, ameaçam que o pior ainda está para vir, mas por outro lado, dizem que temos de ser positivos, ou seja, estão-nos a tramar, para não dizer outra palavra que seria a mais apropriada. Pedem-nos para sorrir, para delirar com a bola e com as telenovelas e outras palhaçadas para nos entreterem e adormecerem. Bravo! Grandes cabeças! Eles são de mais! Eles, os tais que nos estão a convencer que nós é que temos de pagar e não bufar.

Eles, os tais que nos estão a tramar, fazem boa figura em todo o lado:
São os milhões para ajudar o país A e B, que segundo dizem até estão pior do que nós!
São as festas e as festanças para fazerem uma grande figura e convencerem os parvos de que tudo anda sobre rodas (para eles, claro!)… e paga o Zé Povinho, o tal que tem de fazer todos os sacrifícios, que tem de ser o otário, para esses tais senhores continuarem a gozar connosco, à grande e à francesa, pois bem!

Pois bem, é verdade! Aumentos de salários? progressões profissionais? direitos conquistados depois do tal 25 de Abril? (a propósito de 25 de Abril, para quê festejar esta data? perguntamos nós AGORA!) Pura anedota!
Não há dinheiro, dizem eles, os tais senhores. Senhores??

No entanto, gastam-se milhões em despesas do Estado, para o conforto e o luxo dos tais senhores, que nos obrigam a pagar a crise.
Obrigam? Sim, obrigam!

A questão é, até quando?
Até acordarmos desta treta que nos querem impingir, ou seja, pensam que não temos olhos para ver que o que se gasta em supérfluo e em luxos desnecessários, dá que sobra para solucionar a crise, não sacrificando brutalmente a classe média, nem aumentando a pobreza.

Consciência? Terão os tais senhores, consciência? Enfim, veremos o desenrolar deste mar de hipocrisias…

E continuemos nós, os alvejados, o Zé Povinho, os que estamos sempre na mira desses tais senhores, por quem já não temos simpatia, continuemos vigilantes, e sempre que acordemos de um pesadelo, ou de um sonho bonito (que bom!), acreditemos que Portugal pode ser o sítio onde cada um possa ter um lugar ao Sol… a questão que ressalta é: “ELES COMEM TUDO E NÃO DEIXAM NADA…”

No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
E não deixam nada
(Zeca Afonso)

Um Zé Povinho

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