sábado, 17 de julho de 2010

Em nossas vidas mais privadas e subjectivas, somos os artífices da nossa época...


Tempos difíceis, saturados da continuação dos mesmos erros e atitudes, fecho de um ciclo de uma velha civilização que nada aprendeu e que nunca tirou as palas dos olhos...

Tempos de mudança, inevitável... cheios de esperança e certeza de uma nova mentalidade, aberta para uma nova civilização, que não irá repetir os erros trágicos do passado e que olha para o mundo e vê todas as possibilidades de caminharmos bem e de cabeça levantada.

É a Natureza, vítima da mentalidade predadora do velho Homem, que nos assinala essa mudança.

A velha época humana está em decadência, mas a Natureza, renasce fulgurante após cada acto de violência provocado pela mão do Homem, velho e decadente, sem princípios éticos e sem noção do compromisso.

A linha de transição está à vista. A luz da evolução que foi banida pelo próprio homem egoísta e descomprometido, retorna poderosa, sem nada que a detenha.

Esta força, este movimento da Natureza, parece espontâneo e fácil, qual explosão natural das forças latentes sufocadas e violadas durante séculos e milénios, pela ignorância e egoísmo do velho Homem, falso, mentiroso, egoísta, sem noção de compromisso (nem consigo próprio quanto mais com o outro), desconfortável e incomodado perante o ressurgir do novo Homem, de nova mentalidade. O qual, surgindo das novas exigências do tempo que chega, não cria condições para usar, abusar e prejudicar o outro, pois por mais pequeno que o outro seja, fará sempre parte do todo e da harmonia que urge instalar-se.

O velho Homem, derruba os mais fracos, porque se julga dono e senhor de tudo, mas é cobarde perante os mais fortes e rasteja em segredo nos submundos da mentira e da promiscuidade humana só para se manter acima de tudo e de todos e convencer os outros de que é uma pessoa respeitável e respeitada.

O Novo Homem é o oposto, absolutamente, abraça o bem da comunidade, porque sabe que todos são parte do todo e não podem haver excluídos nem marginalizados, se um sofre, toda a comunidade é afectada, ainda que não pareça. Fala a verdade e não se mistura nos mundos complicados da mentira.
O novo Homem, sabe que:
  • ninguém é menos essencial, ou menos importante, pois há uma interdependencia total;
  • cada pessoa é autónoma e livre, porém, interdependente do bem comum. Sabe que a liberdade e a determinação tornam-se factores relativos quando o seu efeito provoca a destruição e o sofrimento de uma parte desse todo;
  • cada pessoa é responsável e co-criadora da sua evolução e da evolução da sociedade e do meio ambiente.

É certo que a Natureza está-se auto-organizando dinamicamente, adaptando-se a uma nova civilização que já se avista, mas o velho Homem, continua preso aos sistemas antigos e bolorentos da exploração do homem pelo homem, da mentira e hipocrisia, da desigualdade extrema... e a tudo o mais que alguns de nós já sentimos duramente na pele, no passado ou no presente, devido ao egoísmo e insensibilidade do outro, e quantas vezes até, ao egoísmo e insensibilidade proveniente daqueles que muitas vezes nos dizem amar... estranhas formas de amar!!

Associações de pessoas com os mesmos ideias, parecem de todo inevitáveis. Embora possam vir a ser em quantidades consideráveis, todos esses grupos convergem para o mesmo fim: para a nova civilização emergente, à vista no horizonte, onde os propósitos egoísta e de exploração cruel estão ausentes, por isso, seguramente, os erros serão evitados em grande escala.

Nada pode continuar do velho mundo. A saturação chegou a um limite. O velho homem tornou-se inimigo até de si próprio, pois ainda não entendeu que sendo arrogante, egoísta e inimigo do bem comum, se tornou brutalmente criador de sociedades sem qualidade humana e ambiental, onde já não se pode viver bem.

O velho Homem, não conhece compromissos, nem consigo próprio, ignora que cada acto e cada decisão sua, ainda que seja no mais obscuro do seu viver, provoca influências, tal como a pedra atirada a um lago, provoca ondas que atingem o lago todo, até à própria margem.

O Novo Homem, conhece compromissos e honra-os, criando-os primeiro consigo próprio.

As crises da vida moderna, e na mente de cada um, exigem uma auto reflexão, um apaziguamento connosco próprios, com a vida, com os outros e com as mudanças inevitáveis á vista.

Como disse Carl Jung:
“Em última análise, o essencial é a vida do individuo. É só isso que faz a história, só aí é que as grandes transformações acontecem, e todo o futuro, toda a história do mundo brotam fundamentalmente como uma gigantesca somatória dessas fontes escondidas nos indivíduos. Em nossas vidas mais privadas e subjectivas somos não só as testemunhas passivas da nossa era, e suas vítimas, mas também seus artífices. Nós fazemos nossa própria época.”

Ricardo Matias Oliveira

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