sábado, 3 de julho de 2010

QUIÇÁ UM SILENCIO CALMO...

Somos parte de um todo e como parte desse todo, alguns manifestam já uma descrença profunda relativamente a uma classe politica, de caris ilimitadamente ambicioso. Por tal razão, começamos a ouvir sussuros de revolta sadia, gritos silenciosos buscando algo que nos liberte, sem saber bem o que nos irá libertar.

Quiçá um silêncio calmo, um nada fazer, talvez uma espera depois de desacreditar os discursos e os sermões, que nos agridem pela componente da mentira desavergonhada.

E depois, despertar. Buscar uma ética perdida no tempo, onde, em tempos que já lá vão, a palavra era Lei, era acreditada só por ser palavra. Quem não se lembra da “Palavra de honra”!

Hoje, ser político é não ter “Palavra de honra”, portanto, não respeitar a palavra proferida, transformá-la em promessas falsas, isco para caçar os votos de pessoas que se deixam enganar e embrutecer pela máquina da propaganda.

Há uma nova dominação na Terra, esta classe política agressiva e bruta, que nos conduziu ao estado actual das coisas, que veste pele de cordeiro, e engana descaradamente, usando os mais sofisticados meios de publicidade para construir e manter torres de poder.

Já não é mais possível sentirmo-nos separados de uma humanidade agredida por alguns exemplares, que se julgam superiores a todos e que atiram para a valeta aqueles que são diferentes, ou que não reúnem condições para fazer parte de grupos cruelmente montados para transformar as pessoas em máquinas competitivas, profundamente desumanas que empurram os mais fracos para a marginalidade e a pobreza.

É necessário retornar a um silêncio calmo, talvez um nada fazer, talvez uma espera e depois encararmos com coragem os desafios de uma nova ética sadia, que inclua a obrigação moral de respeitar e abrir portas para uma vida mais humana e mais digna, onde todos tenham o seu lugar ao Sol, porque Este quando nasce é realmente para todos, só não é para aqueles que lhes fecharam as portas.

Na verdade o meu pensamento e o de cada pessoa formam um só tecido, um tecido que se rompeu grosseiramente, que perdeu a unidade das linhas que se deveriam cruzar harmoniosamente.

É esse tecido humano, rompido grosseira e intencionalmente, que temos de reparar.

Puseram-nos uns contra os outros, transformaram-nos em máquinas de consumo, roubaram-nos o humanismo, injectaram dentro de nós o pior inimigo: o ruído da propaganda, o ruído das vozes mentirosas que se instala em cada vazio do nosso ser, castrando-nos o silêncio e o próprio ser.

Quiçá um silêncio calmo, um nada fazer, um despertar da inteligência nata e observar até onde as palavras falsas e as acções demolidoras dos novos opressores conseguem ir...

Vemos-nos obrigados a novas atitudes, a novas reflexões, a novos conceitos, a desejar uma nova ética que devolva aos humanos os seus direitos e as suas obrigações... humanos, que cada vez mais são atirados para a margem, dando lugar a uma nova raça, a dos “espertos e oportunistas”.

Nova raça que renega uma humanidade sadia e justa, que aplaude os opressores, que é surda e insensível perante a dor dos oprimidos, daqueles que iniciaram já a busca de uma nova ética que contenha nas suas linhas o retorno ao humanismo e ao direito de nos libertarmos de pessoas que erróneamente se dizem avançadas, mas nada mais fazem do que explorar o seu semelhante.

O consumismo brutal, criado por este sistema, fabricante de mentalidades doentias, base de abrigo para os opressores sem escrúpulos, está a transformar as pessoas em não-seres, em escravos sem vontade própria, em máquinas sofisticadas de desejos insaciáveis.

Uma nova ética que não dê abrigo ao medo, que diga a verdade sobre os políticos, aqueles que nos falam de uma falsa ética, injusta e privada, e que perpetuam este sistema viscoso, peganhento, que sentimos na pele, e que começa a despertar sentimentos de repelência.
David Simões

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